Sala-museu Professor G. Soares de Carvalho

Curta nota biográfica

O Professor Gaspar Soares de Carvalho nasceu em Oliveira de Azeméis, distrito de Aveiro, em 26 de Março de 1920 e faleceu em Braga no 1º dia de Agosto de 2016, com 96 anos de idade. Foi um homem bom e generoso, um professor atento e motivado, e um investigador dedicado, que não cedia nos seus princípios mas sabia aceitar uma crítica desde que construtiva. A sua firmeza de carácter (melhor quebrar que torcer) era apreciada pelos seus amigos mas também lhe valeu inimigos que muitas vezes o atacaram ao longo da sua vida profissional. Outro traço de carácter importante (não muito bem visto por alguns dos seus pares) era a capacidade de mudar uma opinião ou uma tese científica sua quando descobria novos factos ou evidências que a rebatessem (por exemplo indicadores de neo-tectonismo rebatendo prévias  interpretações de  glaciarismo).

A intensa curiosidade científica, a vontade de conhecer e o espírito de iniciativa sempre estiveram presentes na sua vida. Em Portugal, foi o primeiro autor de trabalhos na área da Sedimentologia e um dos pioneiros da Estratigrafia e Paleogeografia Plio-Plistocénica. Naturalista e amante do trabalho de campo (um assumido geólogo de campo), incentivava os seus discípulos a sair dos gabinetes e ir para o terreno, e a observar atentamente a natureza e o ambiente circundante.

A sua vida profissional, enquanto geólogo de vasta experiência de campo, foi passada não só em Portugal mas também além mar. Foi geólogo-chefe da Divisão de Cartas Geológicas dos Serviços de Geologia e Minas de Angola de 1954 a 1958 e investigador da Junta Nacional de Investigação do Ultramar com missões na Guiné-Bissau (1959), na União Indiana-Goa (1960) e Angola (1960). Em Moçambique, foi Chefe do Departamento de Ciências da Terra do Instituto de Investigação Científica de Moçambique (1975-1976). De 1975 a 1976 foi Director deste Instituto.

Como professor, trabalhou na Universidade de Coimbra (1944-1954), Universidade do Porto (1961-1970) e Universidade do Minho (1976-1990) onde foi um dos fundadores do Departamento de Ciências da Terra.

Após a jubilação em 1990, já fora da Universidade, continuou  a desempenhar um papel activo na investigação em Portugal. Fundou a EUROCOAST-Portugal (tendo sido também vice-presidente da Federação internacional EUROCOAST) e a Associação Portuguesa para o Estudo do Quaternário (APEQ).

Foi presidente da EUROCOAST-Portugal e da APEQ desde a sua fundação até 2000. Estas organizações muito contribuíram para a expansão do conhecimento e discussão crítica sobre a zona costeira e sobre o Plistocénico-Holocénico de Portugal, respectivamente.

Foi um dos fundadores da revista multidisciplinar da APEQ Estudos do Quaternário.

Deixou vasto trabalho publicado.

Acervo científico da sala-museu

A sala-museu Professor G. Soares de Carvalho está instalada na Macaréu – Associação Cultural, contendo numerosas publicações sobre zonas costeiras, domínio científico a que aquele Professor se dedicou na última fase da sua vida profissional.

A sala-museu alberga, também, um valioso acervo de imagens (muitas das quais já históricas) recolhidas em missões e trabalhos de campo, ao longo de muitas dezenas de anos, em Portugal como além-mar, assim como numerosas informações sobre cortes geológicos e depósitos sedimentares.

Existem, também, amostras sedimentares exemplificativas assim como colecções de minerais presentes em ambientes sedimentares.

Tanto as publicações como as imagens (diapositivos e fotografias) e restante material podem ser consultados na referida sala-museu mediante pedido prévio dirigido a: macareu.porto@gmail.com

Apresentação

Macaréu – Associação Cultural é uma associação independente, sem fins lucrativos, sem subsídios, sem empregados nem empregadores, que se pretende auto-sustentável, aberta a todos que queiram nela apresentar os seus projectos.

O retorno é obtido através das quotas dos associados, da pequena percentagem doada sobre iniciativas externas que sejam remuneradas, de donativos solidários e das receitas do bar/petiscaria

Macaréu é uma onda poderosa, contra a corrente, transformante…assim se identifica e assume este espaço de expressão cultural e de afirmação de cidadania responsável e activa, criado na Primavera de 2019.

Uma casa do final do séc. XIX, no centro do Porto, que resiste à tendência de gentrificação urbana, um grupo de pessoas desassossegadas numa aventura que se quer vivida em associativismo e orientada por princípios éticos fundamentais (liberdade, dignidade, equidade, respeito pela diferença).

Um Lugar urbano aberto, diverso e inclusivo – uma comunidade de acolhimento, encontro, integração, consciencialização e transformação, coesa, atenta às múltiplas formas de expressão cultural, procurando valorizar, promover e cruzar saberes, em liberdade de pensamento, palavra e acção individual ou colectiva.

As actividades da Macaréu – associação cultural repartem-se por várias vertentes, das quais destacamos a realização de exposições, conversas/debates, artes cénicas, oficinas, concertos e outras expressões lúdicas/artísticas, documentários/filmes, leituras encenadas, apresentação de livros, etc.  A associação estimula a parceria com congéneres e acolhe acções de voluntariado e solidariedade social.

A Macaréu tem as suas próprias actividades regulares (apenas para associados) como o Clube de Teatro da Macaréu  (CTM), Sinestesias (uma tertúia quinzenal sobre livros), Poesia ao fim da tardeAprendendo tango argentino, além de outras mais irregulares. No passado (antes da pandemia) teve também Tai chi , meditação e um coro.

Aberta ao exterior como se pretende, a associação recebe muitas propostas provenientes de diferentes áreas culturais. Algumas oficinas, propostas pelo exterior, têm carácter regular, tais como a Orquestra Comunitária do Mundo (OCM) e um curso de italiano. Já houve oficinas de yoga para estrangeiros, teatro para estrangeiros, dança, as quais, entretanto, foram concluídas. Novas oficinas começam a surgir tais como Corpo Movimento, Interpretação de Poesia, Dança terapêutica. A Cicloficina está, também, sediada em espaço da Macaréu.

A Macaréu também tem cedido espaço para ensaios a artistas, apoiando projectos culturais. A associação está envolvida com outras organizações independentes, em acções de carácter cultural e social, tais como BioPorto, MUBI, A Soalheira, Ruído, CAVI, AJA-Norte, Uksim.

Para a Macaréu manter sempre a auto-sustentabilidade e independência, é fundamental: a angariação de mais associados, cujas quotas são imprescindíveis; a realização de actividades externas no seu espaço físico (oficinas, ensaios artísticos, reuniões de trabalho de congéneres, etc.) das quais advenham donativos conscientes; a manutenção do bar/petiscaria com a individualidade e qualidade que o caracterizam.